O Candomblé é uma religião monoteísta Afro-Brasileira que nasceu da fusão do culto aos Orísás praticado em África há mais de cinco mil anos e as formas e formulas adoptadas pelos negros escravos que, forçadamente e após a grande travessia do Atlântico, se viram obrigados a utilizar em terras Brasileiras para, camufladamente, continuarem a venerar os seus “Santos”.
Através dos Orísás, ministros de Olorum e energia em estado puro que rege as forças da natureza, o Babálórísá (Pai-de-Santo) ou Yálórísá (Mãe-de- Santo) prega e ensina aos seus seguidores, sejam eles Yaôs, Abiãns ou simpatizantes, valores sagrados como o respeito, elevação espiritual, compaixão, solidariedade, e perdão. Alguém ligado ao Candomblé tem por obrigação honrar e ajudar o próximo, sendo que desta forma, está a honrar os Orísás e o Olorum.
Apoiado num sistema hierárquico extremamente rigido, em que só com muito esforço, determinação e fé se consegue ascender, o Candomblé prima por ser uma religião maioritariamente de cariz oral, em que os ensinamentos sagrados se apreendem com o convívio e respeito aos mais velhos, detentores do conhecimento. Aliás, a ancestralidade é ponto fundamental do Candomblé: os nossos ancestrais directos e indirectos são para ser cultuados, venerados e são eles a base de todo o Asé, força vital que nos guia e orienta os nossos actos, sem nunca colocar em causa o dom maior que Olorum nos concedeu: o nosso livre arbítrio.
A Natureza e os seus elementos ocupam lugar de natural destaque na nossa religião. Quer pela ligação e regência de cada um dos Orísás aos vários aspectos que a constituem, como também devido ao facto de que é da Natureza que se extraem a esmagadora maioria dos componentes sagrados que irão proporcionar o culto e os rituais. Folhas, árvores, água, animais entre outros, são os veículos que possibilitam levar a cabo a propagação do Asé.
Não se pense no entanto que Candomblé é sinónimo de poder; nenhum Pai ou Mãe de Santo, filho ou filha de Santo voa em vassoura como um bruxo ou possui poderes mágicos como Merlin. Pelo contrário. Estar no Candomblé, para quem o faz correctamente entregando-se de corpo e alma ao Orísá, acarreta consigo sacrifício, responsabilidade e devoção.
No entanto, tem como paga o maior de todos os presentes: o amor de Olorum, dos Orisás e a satisfação de quem faz o bem, ajudando o próximo.
Olorun Modùpé
Que Ògún seja sempre por nós!
Bàbálórísá Miguel d’Ògún
Asé meu irmão! Aláfia!
GostarGostar